Os nomes que voltam

Foi preciso perder Neymar (perda tristíssima, aliás) nesta Copa para que o trágico dela voltasse e ressignificasse a perda. Perder Neymar trouxe de volta o nome de Amarildo, jogador que em 62 substituiu Pelé, que também havia se machucado, e ajudou a seleção na conquista do Mundial. 52 anos depois o nome de Amarildo reaparece em um contexto semelhante e totalmente diverso: Amarildo é o nome da copa, o nome do Brasil. Sua ausência presente, seu retorno implacável. Curiosamente, segundo especialistas, não temos um Amarildo para substituir Neymar. E de outro lado, continuamos engrossando a lista de Amarildos nas cidades. Será preciso jogar com a sua falta porque nada os substituiu. O que nos resta é saber que seu nome, Amarildo, é a marca do cenário triste e verde-amarelo sobre o qual caminhamos. Ontem José Trajano no Linha de Passe não perdeu a oportunidade de perguntar “Cadê o Amarildo?” e em relação a Neymar, mas não menos a Amarildo, dizia que tínhamos que fazer o luto para depois seguir pensando em como a seleção poderia jogar. E ele tem razão. Quando não elaboramos a perda, ela retorna e não cessa de retornar. E, neste caso, com o reforço de uma violência racista e xenófoba (contra o jogador colombiano) que se acumula nos escombros disto que chamamos de civilização lembrando-nos que esta copa entre vários nomes, tem um nome, e esse nome é Amarildo.